segunda-feira, 7 de julho de 2014

Vida de Intercambista

   Encontrei esse texto no Blog das 30 Au Pairs, ele é perfeito e retrata um pouco dessa loucura emocional que é ser au pair :)


"Essa vida de intercâmbio é bem parecida com uma montanha-russa! Primeiro você fica olhando de longe, tentando decidir se vai ter coragem ou não de ir... Aí você pega opinião de quem já foi e escuta histórias que te animam e outas que te desanimam e seria melhor nem ter escutado. Então, quando você resolve arriscar, porque entende que nunca vai viver emoção parecida como aquela se não topar, você espera um tempão numa fila, antes de finalmente conseguir embarcar. Nesse tempão, sua ansiedade aumenta e você até pensa em desistir! Onda já se viu você estar pagando pra entrar e ainda ter que esperar tanto?! Podia estar fazendo outras coisas, gastando sua energia de outras formas. Aí, tem que escolher o lugar que vai estar durante aquela aventura. Mas, muitas vezes, não é o lugar que você queria! Alguém na sua frente deu mais sorte que você. Mas tudo bem! Mesmo assim você vai... E quando finalmente chega a sua vez, você reza! Porque percebe que daí pra frente, só Jesus na causa pra te ajudar, já que não dá mais pra pular fora. 
No começo, é muita informação pra sua cabeça e você acha que vai explodir! Porque ninguém consegue assimilar tanta coisa naquela velocidade toda. Aí você se pergunta "como eu vim parar aqui?". Aí você vai subindo, subindo, vai dando aquela sensação gostosa, você dá risadas incríveis, sorri pra câmera que está sempre registrando cada momento que você passa ali, e de repente, o negócio para. Aí você percebe que o bicho vai pegar! E talvez você não fosse tão corajosa quanto imaginava. Talvez seria melhor não ter ido, e escutado a mãe que te questionou "vai correr esse risco?". E bate o medo! Mas aí é tarde demais... Você já está lá e não tem mais pra onde fugir. Se bem que se conseguisse sair antes de piorar, se tivesse um jeito de conseguir escapar... No, never mind! Isso não ia prestar. Você não pode desistir depois de ter chegado tão longe! Só tem um jeito: segura na mão de quem estiver do seu lado, sendo cúmplice naquela jornada insana, e vai. Vai com tudo! Pensa no que te fez chegar até ali: a sede por novas emoções, a busca por algo que você nem sabia o nome, a fuga daquela vida parada que já não estava te acrescentando nada... E vai! Rezando pra que dê certo. Rezando pra que não se arrependa. Rezando pra que sua amiga não te decepcione e solte sua mão, porque se isso acontecesse você não saberia o que fazer.
Bem lá de cima, você escuta um choro. Você escuta gente falando "para isso que eu quero descer!". Mas você não desce. Você repete pra si mesmo "se tantas pessoas conseguem, porque eu não vou conseguir?". Aí você vai. Fecha os olhos, pede pra tudo isso acabar logo e vai. No meio daquela decida radical, você xinga! Fala palavrões que você nem sabia que existia, em outra língua até, e vai. Se questiona por que tinha que sair de casa pra passar por isso, mas vai. Perde o fôlego, mas vai. Continua descendo porque sabe que foi você que quis estar ali in the first place! Ninguém te obrigou... Até falaram que ia ser difícil. Mas caramba, porque ninguém falou que seria tão difícil?! Muita falta de sacanagem. Mas agora é tarde... E aquela descida acaba, e você continua sua aventura aliviada, porque depois da tempestade sempre vem a calmaria, né? Então você aproveita o passeio. Vê coisas incríveis e sabe que a câmera não vai ser capaz de capturar tudo aquilo. E deseja que seus olhos pudessem tirar fotos! Porque só assim aqueles que não embarcaram com você vão conseguir ter uma noção do que você está vivendo. Uma vaga noção, né? Porque só quem foi sabe realmente como é... Mas seus olhos infelizmente não tiram fotos, e aquelas pessoas vão ter que acreditar na sua palavra quando você lhes contar. Mas, ah! Vão faltar palavras pra descrever o que você está vivendo... É que você está vivendo muita coisa ao mesmo tempo! Aí, quando você pensa que já viu tudo, que já se adaptou, e dali pra frente vai tirar tudo de letra, acontece algo totalmente inesperado. Aquele negócio faz uma virada brusca, tira seu cabelo do lugar, a câmera te pega num ângulo que não te favorece, e quando você percebe, você está de cabeça pra baixo! Aí você se lembra de uma autora que disse que quando a vida a virou do lado avesso, ela percebeu que o avesso era o lado certo... E você começa a desconfiar que no seu caso, talvez de ponta cabeça seja seu lado certo!
E de repente, a montanha-russa para. E quando para, você tem vontade de gritar "eu quero bis!". Mas já é tarde... Não dá mais. E você desce. De pernas bambas, lágrimas nos olhos, com os pensamentos confusos e o coração carregando sentimentos contraditórios - tão bons e tão ruins... Aí você olha pra trás, lembra de tudo que viveu, e tem então a certeza: foi difícil, você sofreu, teve uma hora (ou várias horas) em que se arrependeu, mas no final você sobreviveu, valeu a pena e você faria tudo de novo! E de novo."

Autora: Karolyna Junqueira 


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